Criando novas possibilidades no ensino da Astronomia para a comunidade surda do Brasil

Os alunos surdos enfrentam dificuldades específicas para o aprendizado de Astronomia. A base lexical de Libras, por exemplo, não supre ainda esse tipo de conhecimento, incorporando somente um pequeno número de sinais relativos ao vocabulário científico e astronômico. O mesmo acontecendo com relação as palavras do Português usadas com frequência pela Astronomia. Palavras como iluminada, superfície e densidade, por exemplo, não possuem sinal correspondente em Libras. Deste fato advém uma grande dificuldade de transmitir informações sobre os fenômenos dos astros. De um lado, há a falta de sinais em Libras e, de outro lado, é longínqua a perspectiva de reduzir rapidamente essa carência de sinais. Libras é uma língua historicamente bastante nova e seu processo evolutivo também depende o seu grau de uso pelas comunidades surdas. Além disso, sua própria natureza visual-espacial dificulta a conexão com Português, uma língua oral-auditiva. Contudo, observações em escolas bilíngues mostram que uma linha de ação com alto potencial para impactar positivamente no ensino e aprendizagem de Astronomia é o uso intensivo de recursos visuais didáticos, dirigidos especialmente para os surdos. Esta dissertação faz uma jornada partindo da pesquisa sobre a presença da Astronomia nas línguas de sinais, entrevistando alunos surdos e seus professores (Ensino Fundamental e Médio), analisando as principais dificuldades de aprendizado relatadas, até a construção de recursos visuais didáticos e planos de aula. Tudo tematizado em torno da Astronomia, pois acreditamos que ela, por sua própria expressão essencialmente visual, é uma porta-de-entrada importante para estimular o pensamento científico dos surdos e contribuir para seu melhor desenvolvimento educacional e futura inclusão social.