Conexões Entre Regiões de Formação Estelar e Turbulência

Autor Lucas Barreto Mota dos Santos
Orientador Elisabete Maria de Gouveia Dal Pino
Tipo de programa Mestrado
Ano da defesa 2019
Palavras chave Campos Magnéticos
Formação Estelar
Nuvens Moleculares
Simulações MHD
Turbulência
Departamento Astronomia
Resumo

Sabe-se que estrelas se formam dentro de nuvens moleculares, a partir do colapso gravitacional. Ao mesmo tempo, acredita-se que a formação e manutenção destas estruturas seja feita pelos movimentos turbulentos do fluído magnetizado dentro destas nuvens. Neste trabalho nós exploramos, através de simulações numéricas tridimensionais (3D) e diferentes métodos estatísticos, incluindo PDF (Função Densidade de Probabilidade), PRS (Estatística de Rayleigh Projetada), e o espectro de potências, como a turbulência magnetohidrodinâmica (MHD) está conectada à formação de nuvens moleculares. Nós inicialmente introduzimos turbulência em um meio homogêneo isotérmico permeado por uma campo magnético uniforme, considerando diferentes regimes que vão desde transônico até supersônico, e de sub-Alfvénico a super-Alfvénico. Nós consideramos duas principais famílias de modelos, uma sem auto-gravidade e outra incluindo a auto-gravidade no gás, a fim de explorar o colapso das estruturas no domínio da nuvem molecular. Nossos principais resultados podem ser resumidos da seguinte forma: (i) Há uma clara correlação entre os gradientes de densidade (e densidade colunar) com o campo magnético em sistemas sub-Alfvénicos com e sem auto-gravidade, com regiões menos densas aparecendo mais alinhadas com o campo magnético e regiões mais densas aparecendo mais perpendiculares com o campo magnético. Esta diferença é maior para números de Mach sônicos maiores, que causam uma maior fragmentação das nuvens; (ii) Modelos super-Alfvénicos sem auto-gravidade apresentam a maioria das estruturas paralelas ao campo magnético, devido à predominância dos efeitos de compressão, sem uma dependência importante com o número de Mach sônico; (iii) Em modelos sub-Alfvénicos, verificou-se que a direção da linha de visada (em inglês, LOS) influencia a distribuição das componentes projetadas do campo magnético no plano céu (B perp ). Este mostra menos coerência quando a LOS é paralela ao campo magnético inicial. Ainda assim, regiões menos densas aparecem predominantemente paralelas a B perp e regiões mais densas aparecem mais perpendiculares a ele, especialmente quando auto-gravidade é considerada; (iv) Para modelos super-Alfvénicos, as estruturas presentes nos mapas de densidade colunar aparecem maioritariamente alinhadas a B perp e os mapas apresentam um comportamento bastante similar em diferentes LOS (i.e., paralelo a, perpendicular, ou com um angulo de 45º em relação ao campo inicial); (v) A introdução da auto-gravidade aumenta a formação de estruturas densas perpendiculares ao campo magnético (já que forças gravitacionais forçam o colapso da matéria mais facilmente ao longo das linhas), principalmente em modelos sub-Alfvénicos. Este efeito em modelos super-Alfvénicos fica mais aparente apenas para números de Mach sônicos maiores; (vi) A comparação dos resultados obtidos em nossos modelos com observações feitas por Planck, Herschel e BLASTPol, indicam que os nossos modelos sub-Alfvénicos podem, qualitativamente, reproduzir melhor as características de nuvens observadas. Não apenas o comportamento do PRS observado, mas também a coerência geral do campo do campo magnético projetado B perp é compatível com nossos modelos sub-Alfvénicos para a maior parte das nuvens. Há nuvens em que as torções de B perp observadas podem ser explicadas com efeitos relacionados à direção da LOS. Nuvens como Aquila, por exemplo, podem ser bem representadas por modelos sem auto-gravidade ou em estágios iniciais de colapso, enquanto que Taurus e Vela C possuem similaridades com modelos em um estágio mais avançado de colapso gravitacional.

Anexo Disserta__lucas_corrigida_.pdf